"Mélenchon é o facto novo em França" |
Terça, 27 Março 2012 18:20 |
Miguel Portas afirmou durante um debate no programa Europe Hebdo do canal francês Public Senat que a candidatura de esquerda de Jean-Luc Mélenchon é "o facto novo" das eleições presidenciais em França. De acordo com as últimas sondagens, o candidato da Frente de Esquerda atingiu os 13 por cento das intenções de voto e continua a subir, quando no princípio do ano tinha cerca de seis por cento. A declaração do eurodeputado da Esquerda Unitária (GUE/NGL) eleito pelo Bloco de Esquerda foi proferida durante um debate em que intervieram ainda a socialista belga Veronique Kayser, a direitista grega Rudi Kratsa Tragaropoulo o igualmente direitista alemão Andreas Schwab. "As sondagens não dão uma direitização de França", disse Miguel Portas, mesmo que Nicolas Sarkozy possa estar actualmente em primeiro lugar, "porque dão sempre uma maioria de esquerda na segunda volta". A candidatura de Mélenchon, acrescentou, é o "facto novo" porque "é uma mistura interessante entre um discurso baseado em projectos concretos e também numa ideia de revolução cidadã, de insurreição cívica, de refundação nacional e ao mesmo tempo de refundação social da Europa". Esta combinação", sublinhou o eurodeputado português, "permite a Mélenchon fazer uma espécie de campanha em todos os azimutes dando combate à direita e à extrema direita, discutindo com Hollande, isto é, uma campanha não sectária em que fala para o povo de esquerda mas também para toda a gente". Respondendo a uma pergunta de uma das moderadoras sobre se alusões como "tomada da Bastilha" e "revolução cidadã" não seriam "excessivas", Miguel Portas explicou que "há, evidentemente, um jogo com a História de França que tem uma dimensão simbólica; quando Mélenchon fala em insurreição cívica faz um apelo a que no dia da votação se abram as portas à VI República e a uma refundação da Europa, uma espécie de vitória para a viragem da Europa contra a direita". A socialista belga Véronique Kayser reconheceu que "há um fenómeno Mélenchon" como uma espécie de "frente de rejeição", um "movimento de indignados que se levanta". Os dois representantes do Partido Popular presentes no debate defenderam Sarkozy e a austeridade mas sem grande convicção. A eurodeputada grega Rudi Kratsa confirmou o que agora se diz a todo o momento, que a austeridade no seu país se fez sem cuidar do crescimento económico, embora "haja agora muitas vias para o conseguir"; e o alemão Andreas Schwab justificou as teses de extrema direita defendidas em campanha por Sarkozy, designadamente os ataques contra os imigrantes, como uma necessidade de retirar força e temas à campanha da neofascista Martine Le Pen. Adoptar teses da extrema direita como estratégia eleitoral "é inaceitável", respondeu Véronique Kayser ao seu colega alemão. Miguel Portas declarou, a propósito das palavras da eurodeputada grega, que austeridade e crescimento são incompatíveis. "Ou há uma ou outro; as duas coisas ao mesmo tempo é uma espécie de não-política", disse. |
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