O imposto do especulador

Produzido por The Week, 26/05/2012

Na semana em que o primeiro ministro portuguêsl, alinhado como sempre pelo fundamentalismo da senhora Merkel, se pronunciou contra as euro-obrigações e em que a OCDE reclamou mais austeridade para Portugal, a eurodeputada Marisa Matias qualificou como um acontecimento de "enorme importância", finalmente "uma boa notícia", a aprovação pelo Parlamento Europeu da aplicação de taxas sobre as transações financeiras – acções e obrigações. "Esta taxa vai fazer com que as transacções em bolsa, apesar de taxadas a um nível mínimo (0,1%), rendam montantes superiores aos de qualquer pacote de austeridade", comparou a deputada da Esquerda Unitária (GUE/NGL) eleita pelo Bloco de Esquerda na sua participação semanal no programa Conselho Superior da Antena Um. Marisa Matias explicou que esta proposta legislativa "terá que passar agora para os governos", aos quais caberá decidir de que lado ficam, "se do lado dos mercados financeiros, como têm estado até agora, se do lado das pessoas, permitindo assim que se abram janelas para obter fundos e investir em crescimento e emprego, verdadeiramente as necessidades" perante a crise. A eurodeputada do Bloco de Esquerda lembrou que durante todos estes anos de dificuldades os mercados financeiros especulativos "saíram praticamente intocados, para não dizer reforçados" por uma crise que tantos sacrifícios tem custado "aos de baixo". A situação, acrescentou, tem um efeito ainda mais perverso, o "das transferências directas dos bolsos dos cidadãos para os mercados financeiros especulativos", as entidades "que nos têm governado sem ser eleitas". "O projecto não é perfeito, tem lacunas", disse a eurodeputada; "não temos a ilusão de dizer que se trata de resolver o problema da especulação, mas seja como for é um sinal político muito importante", o de que os mercados financeiros "começam também a pagar a crise que provocaram".