José Bonifácio, um pioneiro
Grandes Brasileiros
José Bonifácio
O início das preocupações com a ecologia e o meio ambiente no Brasil foi marcado formalmente pelo chamado movimento verde, que se deu com os alemães em 1980. No entanto, um século e meio antes, o estadista brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva – cognominado o Patriarca da Independência – já demonstrava preocupação em relação a uma utilização racional do território do país. Ele nasceu em Santos, São Paulo, em 1763, e viveu até 1838.
Em entrevista dada em 2001 à revista Época, o historiador José Augusto Pádua ressaltou a importância de José Bonifácio para as questões ambientais afirmando que, em 1823, ele já previa a falta de chuvas que poderia ocorrer se os montes e as encostas fossem sendo escalvados diariamente, de acordo com palavras do próprio Bonifácio.
Na ocasião o historiador também comentou que, depois da difusão das idéias do Patriarca da Independência, o debate sobre o mau uso dos solos dividiu-se em duas frentes diferentes. Bonifácio era contra o escravismo e dizia que a oligarquia estulta era responsável por reduzir este país fertilíssimo a um estéril deserto. Uma das correntes, herdando os ideais de Bonifácio, era a do anti-escravismo, cujos principais nomes eram os abolicionistas Nicolau Moreira, Joaquim Nabuco e André Rebouças.
Já a outra frente, apesar de condenar o uso mal feito dos solos, evitou se mostrar contra a escravidão, com o objetivo de não desagradar dom Pedro II. Muitos desses autores, como o botânico Francisco Freire Alemão, eram próximos do imperador.
Patriarca da Independência
Bonifácio era formado em Direito Civil e em Filosofia pela Faculdade de Coimbra, em Portugal. Foi membro da Academia de Ciências de Lisboa. Passou 36 anos na Europa se especializando em áreas como mineralogia, siderurgia, química e metalurgia. Voltou para o Brasil em 1819, quando iniciou sua participação em movimentos políticos. Em 1821 tornou-se vice-presidente da Junta Governativa de São Paulo. Entre suas idéias, sempre consideradas avançadas para a época, estavam não só a defesa da reforma agrária, a preservação das matas e rios e o fim da escravidão como a defesa dos direitos de voto para os analfabetos.
Ele foi o primeiro brasileiro a ocupar um ministério, o do Reino, em janeiro de 1822. Tornou-se, junto a Dom Pedro, o principal obreiro da Independência. No entanto, em 1823 – quando ocupava a Pasta do Império – com seu irmão Martim Francisco, começou a se afastar dos Conselhos da Coroa e a se opor a D. Pedro I. Foi eleito para a Assembléia Constituinte de 1823, ano em que teve sua prisão e deportação para a Europa ordenadas pelo imperador.
Tendo voltado ao Brasil em 1829, foi residir na Ilha de Paquetá, de cujo retiro saiu apenas para assumir a cadeira de Deputado pela Bahia, como suplente, nas sessões legislativas de 1831 e 1832.
Reaproximou-se de D. Pedro I que, ao abdicar da Coroa em 1831, o indicou para tutor de seu filho – o futuro Dom Pedro II. Foi destituído da tutoria, pela Regência, em setembro de 1833. Ficou em prisão domiciliar até 1835, quando terminou o processo-crime instaurado contra ele por conspiração e perturbação da ordem pública. Apesar da grandiosidade e do pioneirismo desse brasileiro, especialistas acreditam que ele poderia receber mais destaque e ser melhor estudado. É o que pensa José Geraldo Gomes Barbosa, advogado e integrante do Movimento Pró-Memória de José Bonifácio, segundo depoimento publicado neste site.
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