Este Natal foi profícuo em demonstrações públicas de “amor ao próximo”. Foram utilizados todos os estratagemas e todas as técnicas e podemos dizer que a época foi estrategicamente escolhida entre o período do pagamento do 13.º mês e o período natalício, época em que as graças à nossa cultura nos encontramos por natureza mais “próximo” dos outros.
Juntando a crise e as eleições presidenciais que se avizinham assistimos assim a um espectáculo degradante da natureza humana quando interesses mesquinhos de promoção pessoal ou de grupos comerciais e outros se sobrepuseram ao respeito devido aos indivíduos frágeis ou colocados em situação de fragilidade. Não houve organização dita de caridade que não pedinchasse, mas estas ainda se compreenderia, não fosse a forma agressiva como o fizeram. Desta vez assistimos a mais: também os grandes monopólios comerciais foram promotores de arredondamentos e quejandas aldrabices. Os mais variados programas de televisão associaram-se a estas degradantes formas de vaidade pessoal e institucional e passaram horas a promover esta pedincha nacional e outras formas de “solidariedade” mesmo em tempo de noticiário. Um dos homens mais ricos de Portugal ofereceu uns aparelhos no valor de 50 000 euros a um hospital do Norte, onde tinha estado hospitalizado dias antes e a televisão obsequiou-o, assim como a todo um séquito de médicos e gestores nos discursos da praxe aquando da entrega. Não pode existir melhor imagem da hipocrisia e da vaidade pessoal. E até um dos candidatos a Presidente da República - o mesmo que nos culpou a todos afirmando “que devíamos ter vergonha da pobreza” - não resistiu a discursar, num jantar de sem-abrigo.
Tanta brejeirice e manipulação juntas seriam impossíveis não fossemos tão católicos e tão ignorantes!
9-1-2011
Sem comentários:
Enviar um comentário