REFLEXÕES
Há dois temas sobre as quais gostaria de escrever umas coisas, uma delas é uma reflexão sobre o caso dos lares para idosos e a outra é sobre esta dita onda de solidariedade que se espraia pelo país de apoio à pobreza.
Vamos a isto, recentemente um caso sinistro (a descoberta por acaso da morte de quatro idosos) veio trazer à baila a escassez de lares para idosos licenciados logo sem condições condignas e a consequente supervisão dos serviços competentes. Ficámos assim a saber que existe um mercado paralelo de muitos milhões nessa área, que todos os anos são mandados encerrar vários lares sem condições. Ficámos a saber que os serviços prestados se feitos correctamente são caros.
Ficamos sem perceber o porquê desta situação.
Não é admissivel que no fim da vida os nossos pais e avôs não tenham direito a uma vida digna com todos os cuidados que as suas situações justificam.
Pergunto-me porque não se tomam medidas facilitadoras da criação de uma rede de lares pequenos, junto das comunidades onde sempre viveram os idosos, continuando assim a ser vigiados por familiares e vizinhos? Pois é, que parece que se colocam tantas exigências no licenciamento destes recursos que tornam praticamente impossível a sua concretização. Não seria mais desejável fazer esforços no sentido de criar alternativas pondo a tónica na qualidade dos cuidados: de relação, alimentação, saúde etc ao invés de fazer exigências arquitetónicas difíceis de satisfazer.
Porque será que nesta matéria assim como noutras não vamos beber à europa experiências que já fizeram caminho e que resultam em respostas mais humanizadas, mais próximo das comunidades, pensando de uma forma integrada tudo o que é uma política de habitação. É que o problema do apoio aos idosos não pode ser encarado isoladamente, tem que ser encarado conjuntamente com uma rede necessária e urgente de apoio a doentes em convalescência saidos dos hospitais, a idosos sem família necessitando também de alguns cuidados sem no entanto necessitarem de um lar, alojamento para pessoas com deficiências, assim como o alojamento para famílias que pelos seus própios meios não conseguem aceder a uma habitação condigna. Os nossos serviços continuam a apostar em grandes estruturas, nomeadamente na política de apoio a pessoas com deficiência, enquanto outras soluções alternativas mais humanizadas perto das comunidades que os viram nascer permitiriam contribuir para salvaguardar a qualidade dos serviços prestados. No que diz respeito aos lares para pessoas com deficiência as verbas destinadas à construção edifícios sumptuosos, não seriam melhor empregues na reabilitação das milhares de casas disponíveis aproveitando para fazer as adaptações adequadas para os fins que venho propondo. Repovoavam-se as cidades e criavam-se postos de trabalho numa estrutura muito mais leve de apoio. Só uma política nacional que respeite o ser humano, apostando na qualidade das respostas em todos os níveis, nomeadamente no direito a políticas de inclusão em todo o seu percurso de vida. Só uma política integrada que aposte nas necessidades das populações e na gestão recursos disponíveis em cada concelho serve a comunidade. Para quando?
jr
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