Em Disabled Theatre, de Jérôme Bel, há uma densidade na descoberta do gesto, e de construção de um olhar não-preconceituoso que desconfiamos de tamanha generosidade vinda de alguém que nunca escondeu as dúvidas que os artíficios teatrais lhe causam. E o cinismo com que Bel e os actores do Theatrer Hora, portadores de deficiência mental, constroem a dramaturgia do espectáculo , fazendo jogar a seu favor o desconforto do espectador, é profundamente tocante. Disabled Theatre deixa, rapidamente, de ser um trabalho sobre a imperfeição do corpo para passar a ser um sobre a imperfeição do olhar e do próprio discurso.
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